A História da Vida de John Wesley

04/07/2011 19:34

Capítulo XX, O Livro dos Mártires, John Fox


John Wesley nasceu no dia 17 de junho 1703, em Epworth, na Inglaterra, o décimo quinto dos dezenove filhos de Charles e Suzanna Wesley. Seu pai era um pregador, e sua mãe, uma mulher notável quanto à sabedoria e inteligência. Possuía uma profunda piedade e criou os seus pequenos em estreito contato com as histórias da Bíblia, as quais transmitia desde o berço. Costumava também vestir os filhos com as melhores roupas nos dias em que iniciavam a alfabetização e a leitura das Sagradas Escrituras.

Wesley era dinâmico e varonil, gostava dos jogos e, particularmente, dos bailes. Um dos líderes de Oxford, durante a última parte de sua estadia ali, foi um dos fundadores do Santo Clube, uma organização estudantil. A sua natureza religiosa se aprofundou com o estudo e a experiência; porém, não se sentiu possuidor das profundezas do Evangelho, até deixar a Universidade e estar sob a influência dos escritos de Lutero.

Ele e seu irmão Charles foram enviados à Georgia, na América, pela Sociedade, para que propagassem o Evangelho, e ali os dois desenvolveram a sua capacidade como pregadores.

Durante a viagem, conheceram os irmãos morávios, membros da Associação recentemente criada pela atividade do conde Zinzendorf. John Wesley observou em seu diário que, em uma grande tempestade, quando todos os ingleses à bordo perderam a compostura, estes alemães os impressionaram com a sua calma e completa resignação a Deus. Também observou a humildade deles, ao receberem maus tratos e insultos.

Foi ao retornar à Inglaterra que adquiriu as experiências mais profundas e desenvolveu o poder como pregador popular, que fez dele um líder nacional. Naquele tempo, associou-se a George Whitefield, o qual tinha uma fama imperecível por sua eloqüência.

Wesley conduziu a sua vida com simplicidade. Ao completar oitenta e cinco anos de idade, agradeceu ao Senhor por ser tão vigoroso como sempre. Ele atribuía isso à vontade de Deus, ao fato de sempre ter dormido profundamente, levantado durante sessenta anos às quatro horas da manhã e, em cinqüenta anos, pregar todas as manhãs, às cinco horas. Apenas sentiu em sua vida algumas dores, alguns desgostos ou ansiedades. Pregava duas vezes ao dia e, em algumas ocasiões, três ou quatro. Estima-se que a cada ano viajava cerca de quatro mil e quinhentas milhas inglesas, a maior parte delas a cavalo.

Os êxitos alcançados pela pregação metodista foram conquistados através de um período de muitos anos, e em meio às perseguições mais cruéis. Em quase todas as partes da Inglaterra, seus seguidores viram-se enfrentados, no princípio, pela população que lhes apedrejava, com o propósito de feri-los ou matá-los. Somente em certas ocasiões houve a intervenção da autoridade civil. Os dois irmãos Wesley enfrentaram a todos estes perigos com um assombroso valor, e com uma serenidade igualmente peculiar. O mais irritante era o acúmulo das calúnias e insultos, por parte dos escritores daquela época. Estes livros injuriosos estão completamente esquecidos.

Wesley fora, durante sua juventude, um eclesiástico anglicano, e sempre esteve profundamente ligado à Comunhão Estabelecida. Quando viu a necessidade de ordenar pregadores, foi inevitável a necessidade da separação de seus seguidores da Igreja Nacional. Receberam imediatamente o nome de “metodistas,” devido à peculiar capacidade de organização de seu líder e aos engenhosos métodos que empregava.

A comunhão wesleyana que, após a morte de Wesley, cresceu até constituir a Igreja Metodista, caracterizava-se por uma perfeição organizacional quase militar.

Toda a direção de sua denominação, sempre em crescimento, repousava sobre o próprio Wesley. A conferência anual, estabelecida em 1744, adquiriu um poder de governo somente após a sua morte. Charles Wesley prestou um serviço incalculável à Sociedade com os seus hinos. Introduziram uma nova era na musicalidade da Igreja na Inglaterra. John Wesley dividiu os seus dias entre o dirigir a igreja, o seu estudo (porque era um incansável leitor), as suas viagens e a sua atividade de pregar.

Wesley era incansável em seus esforços para disseminar conhecimentos úteis através de sua Organização. Planejou a cultura intelectual de seus pregadores itinerantes e de seus mestres locais. Criou também escolas de instrução para os futuros mestres da Igreja. Ele mesmo preparou livros para o uso popular sobre a história universal, da Igreja e natural. Sob este aspecto, foi um apóstolo da união da cultura intelectual à vida cristã. Publicou também os mais maduros dos seus sermões e várias obras teológicas. Tudo isso, tanto por sua profundidade e penetração mental, como por sua pureza e precisão de estilo, excitou a nossa admiração.

John Wesley era uma pessoa de estatura comum; porém, de nobre presença. Os seus traços eram muito acentuados, mesmo em sua velhice. Tinha uma fronte larga, nariz aquilino, olhos claros e uma postura ereta. As suas maneiras eram corteses e, quando estava em companhia de pessoas cristãs, mostrava-se à vontade. Os traços mais destacados de seu caráter eram o seu amor persistente e laborioso pelas almas dos seres humanos, a firmeza e a tranqüilidade de espírito. Mesmo diante das controvérsias doutrinárias exibia a maior calma. Era amável e muito generoso. Já mencionamos o quanto era trabalhador. Calcula-se que durante os cinqüenta e dois últimos anos de sua vida tenha pregado mais de quarenta mil sermões.

Wesley trouxe pecadores ao arrependimento em três reinos e dois hemisférios. Foi o bispo de uma diocese com a qual não se podia comparar a qualquer uma daquelas que pertenciam à Igreja Oriental ou Ocidental. O que há no âmbito dos esforços cristãos – missões estrangeiras e nacionais, tratados e literatura cristã, pregação ao ar livre e itinerante, estudos bíblicos e qualquer outra atividade – que não tenha a presença de John Wesley e não fosse abrangido por sua poderosa mente mediante a ajuda de seu Divino Condutor?

Ele avivou a Igreja da Inglaterra quando esta perdera de vista a Cristo, o Redentor, e levou-a a uma vida cristã renovada. Ao pregar a justificação e a renovação da alma por meio da fé em Jesus, levantou a muitos das classes mais humildes da nação inglesa, de seu estado de enorme ignorância e maus hábitos, e transformou-os em cristãos fervorosos e fiéis. Os seus infatigáveis esforços fizeram-se sentir não somente na Inglaterra, como também na América e Europa continental. Quase todo o zelo existente em nosso país pela verdade e a vida cristã, não se devem somente ao metodismo, mas podemos considerar que Wesley, indiretamente, contribuiu com a atividade desempenhada em outras partes da Europa protestante.

Wesley morreu em 1791, após uma longa vida de incessantes trabalhos e de serviço desprendido. O seu fervoroso espírito e cordial senso de irmandade sobrevivem na memória que afetuosamente mantém o seu nome.

Pb Adelson Ramiro Buenos